Na noite da última terça-feira (8/3), cerca de 70 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) invadiram a sede do grupo Jaime Câmara em Goiânia (GO), que abriga, entre outros veículos, a TV Anhanguera, afiliada da Globo no estado, a rádio CBN e o jornal O Popular.
De acordo com a Folha de S.Paulo, o grupo pichou paredes e gritou em coro expressões contra a emissora, como "o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo". Também ocupou a área da recepção e bloqueou a entrada e saída de funcionários por aproximadamente meia hora.
Além de frases, como "Globo e ditadura de mãos dadas" e "Não vai ter golpe", os manifestantes, alguns com o rosto coberto, colaram na parede do local uma ilustração em que Roberto Marinho, fundador do Grupo Globo, é retratado de mãos dadas com o general João Figueiredo, presidente à época da ditadura militar.
O grupo deixou o local com apenas com a chegada da Polícia Militar (PM). Não houve confronto.
Em nota, a Globo considerou se tratar de "uma tentativa de intimidação ao trabalho da imprensa", o que, consequentemente, gera uma "tentativa de censura, uma afronta aos princípios constitucionais". A emissora reforçou que seguirá com seu trabalho como sempre fez, "com alto nível de profissionalismo".
O coordenação nacional do MST, Gilmar Mauro, alegou que os atos em Goiás e no Espírito Santo foram deliberados pelas mulheres do movimento, como parte da jornada nacional do Dia das Mulheres. "Os atos foram contra o agronegócio, o uso de veneno na agricultura, em defesa da reforma agrária e contra a possibilidade de golpe."
Ao jornal O Popular, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) disse repudiar as ações de vandalismo do MST e que considera o ato como uma forma de intimidar a imprensa.
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) condenou, em nota, a invasão e chamou o ato de "criminoso", próprio de "grupos extremistas, incapazes de conviver em ambiente democrático". "É lamentável que o vandalismo seja usado contra os meios de comunicação, que cumprem sua missão de informar a sociedade", ponderou.
Veja o vídeo:
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